Ser bilíngue pode prevenir Alzheimer
Disponível em : http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/bem-estar/19,0,3216007,Ser-bilingue-pode-prevenir-Alzheimer.html
22/02/2011 10h20min
Bilíngues que usam sua segunda língua se saem melhor em testes de escolha e múltipla escolha
Aprender uma segunda língua e falá-la regularmente pode incrementar suas habilidades cognitivas e prevenir o surgimento de demência senil, de acordo com pesquisadores que compararam indivíduos bilíngues com outros que falam apenas uma língua.
A pesquisa sugere que bilíngues retardam os sintomas da doença de Alzheimer por um intervalo de quatro anos a mais se comparados com monoglotas. Habilidades de linguagem em nível escolar que você usa em dias de folga podem até mesmo melhorar até certo ponto sua atividade cerebral.
Além disso, crianças bilíngues que usam sua segunda língua regularmente se saem melhor em testes de escolha e múltipla escolha comparadas com crianças monoglotas, diz Ellen Bialystok, psicóloga na Universidade York, em Toronto, Canadá.
— Ser bilíngue tem certos benefícios cognitivos e aprimora a performance do cérebro, especialmente a de uma das mais importantes áreas, conhecida como sistema executivo de controle — disse Bialystok no congresso anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Washington, D.C., Estados Unidos.
Ela acrescentou:
— Sabemos que esse sistema se deteriora com a idade, mas descobrimos que a cada estágio da vida ele funciona melhor nos bilíngues. Eles têm uma performance de alto nível. Isso não vai impedi-los de ter a doença de Alzheimer, mas eles podem lidar com a doença por um tempo mais longo.
Na pesquisa, publicada recentemente no jornal Neurology, Bialystok estudou 211 pessoas com provável diagnóstico positivo para Alzheimer, 102 dos quais eram bilíngues e 109 monoglotas, e assinalou a idade em que a incapacidade cognitiva dos pacientes havia começado. Seus resultados mostraram que pacientes bilíngues foram diagnosticados 4,3 anos mais tarde, comparativamente, e apresentaram sintomas claros 5,1 anos mais tarde do que pacientes monoglotas.
Ela disse que a mudança para diferentes linguagens parece estimular o cérebro de forma que ele constrói uma reserva cognitiva:
— É como um tanque de reserva num carro. Quando você fica sem combustível, você pode continuar andando por mais tempo porque há um pouco mais no tanque de reserva.
O efeito foi maior para pessoas que tinham de usar a segunda língua todos os dias e escolhiam entre dois menus de palavras todo o tempo. Aprender uma língua na escola e continuar a praticá-la, porém, é útil, diz Bialystok:
— Funciona melhor com as pessoas que falam duas línguas todo dia, como imigrantes que chegam a um novo país e falam sua língua materna em casa. Mas cada porçãozinha ajuda.
Bialystok disse que sua equipe está agora pesquisando em que medida usar duas ou mais línguas resultou em mudanças físicas no cérebro, além de estimular a capacidade cognitiva. Os primeiros resultados sugerem que isso pode mudar o tamanho do cérebro.
Outro estudo de pessoas bilíngues realizado por Judith Kroll, psicóloga na Penn State University, da Pennsylvania, EUA, indicam que falar mais de uma língua mantém o cérebro em forma e estimula a função mental. Ela descobriu que bilíngues poderiam superar falantes de uma única língua em tarefas mentais como editar informação irrelevante e se focar em detalhes importantes. Bilíngues foram também melhores em definir prioridades e resolver questões de múltipla escolha, ela disse.
— Nós poderíamos provavelmente citar muitas dessas vantagens cognitivas como múltipla escolha. Bilíngues parecem ser melhores nesse tipo de colocação de perspectiva — disse Kroll.
Suas conclusões contradizem a ideia de que falar muitas línguas confunde o cérebro e pode mesmo prejudicar o desenvolvimento cognitivo:
— A sabedoria convencional era de que o bilinguismo criava confusão, especialmente nas crianças. A crença era de que as pessoas que falavam duas ou mais línguas tinham dificuldade em usá-las. A última palavra é que o bilinguismo é bom para você.
Quando falam uns com os outros, os bilíngues podem rapidamente trocar de idioma, geralmente escolhendo a palavra ou a frase na linguagem que melhor expressa seus pensamentos. Mas bilíngues raramente recorrem à segunda língua quando falam com pessoas que falam apenas uma. Kroll sustenta:
— Nossa importante descoberta é que ambos os idiomas são abertos para os bilíngues. Em outras palavras, há alternativas à disposição em ambas as línguas. Mesmo se as escolhas linguísticas estiverem na ponta da língua, bilíngues raramente fazem uma escolha errada. O bilíngue é de alguma forma capaz de negociar em meio à competição das línguas. A hipótese é que essas capacidades cognitivas vêm dessa disputa dos idiomas.
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